SEIS PEÇAS PARA CELEBRAR SESSENTA
ANOS DO MUSEU DA CASA DE MATEUS
SÉC. XVIII
RELÍQUIA DE SÃO MARCOS MÁRTIR
Em 1698, com 25 anos, Diogo Álvares Mourão toma ordens menores e parte para Roma, onde será secretário do Cardeal Sacripanti, prefeito da Congregação da Propaganda da Fé sob o pontificado de Clemente XI. Irmão mais novo de Matias Álvares Mourão, o Morgado da Prata, sabe que as regras de sucessão, que privilegiam o primogénito, o destinam a procurar outros caminhos.
Assegura para si os benefícios de Arcediago de Labruge e da Covilhã, mas é no Vaticano que a sua carreira eclesiástica conhece o seu auge. Aí, acompanha os esforços do sobrinho, António José Botelho Mourão, para construir o novo Palácio e uma nova Capela, que haverá de substituir a antiga Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, «para maior honra e glória de Deus».
"O meu pai dedicou toda a sua vida à
Casa de
Mateus."
D. Fernando de Albuquerque,
Diretor-Delegado da Fundação da Casa de Mateus
"A Casa de Mateus representa passado, presente e futuro."
Rui Santos
Presidente da Câmara Municipal de Vila Real
"Falar da
Casa de
Mateus
é falar da
história de
Vila Real".
Eugénia Almeida
Vice-Presidente do Município de Vila Real
SÉC. XIX
CONTADOR BARGUEÑO
No século das Luzes, a Europa assiste à emergência de um novo paradigma fundado na autoridade e na legitimidade da razão, na afirmação da ciência e de um conhecimento fundado na experiência. Entre as transformações profundas que se vão operando, imperam ideias como progresso e liberdade, sobretudo a liberdade de contratação enquanto manifestação de uma vontade empreendedora. Não por acaso, neste mesmo século que viu nascer a Enciclopédia, uma peça de mobiliário assume um protagonismo especial: o contador.
Objeto eminentemente prático, composto por séries de gavetas e um tampo móvel que permite a escrita, servia de escritório e arquivo para a salvaguarda de documentos importantes. Sujeito às contingências da vida dos seus proprietários, fundamental enquanto memória e meio de prova, era necessariamente portátil, dotado de pegas e de tamanho bastante para ser transportado num cavalo de carga.
"A Casa de Mateus constitui uma marca incontornável a nível nacional e internacional".
Nuno Paula
Conservatório Regional de Música de Vila Real
"A Casa de Mateus assume na plenitude o seu papel de centro de cultura do Norte".
Gina Telmo
Diretora do Museu
da Vila Velha
"A Casa de
Mateus é a
imagem
que todos
associam
a Vila Real".
João Ribeiro da Silva
Direção Regional de Cultura do Norte
SÉC. XIX
EDIÇÃO MONUMENTAL DE OS LUSÍADAS
Naquele dia de fevereiro de 1817, D. José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, o 5º Morgado de Mateus, podia finalmente dar-se ao prazer de manusear o resultado de muitos anos de trabalho e dedicação: a Edição Monumental de Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões.
Um exemplar em dois volumes, impresso em velino com um novo tipo de letra criado expressamente pela tipografia parisiense de Firmin Didot e ilustrado com desenhos originais de alguns dos pintores mais notórios da corte francesa, acompanhado de outros duzentos e dez exemplares em volume único destinados à distribuição pelas Casas Reais europeias, mas também por bibliotecas públicas em Portugal, França, Itália e muitas outras partes da Europa.
"Ao viajar por meio mundo, sempre vi as pessoas reconhecerem o Palácio de Mateus".
Nuno Pinto
Músico
"A Casa de Mateus é um marco histórico, cultural, religioso, e até gastronómico da nossa cidade".
Filipe Ribeiro
Jornalista
"É sempre
muito rica
a experiência
de passear
no Palácio
de Mateus".
João Bicho
Arquiteto Paisagista
SÉC. XIX
RETRATO DE D. JOSÉ LUÍS
Educado esmeradamente por sua avó, D. Leonor de Portugal, mulher de ação que transformou a Casa e a administrou com espírito empreendedor ao longo dos doze anos de ausência de seu marido, D. Luís António, no governo da Capitania de São Paulo, D. José Luís de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos (1765/1855) virá a confirmar a ascensão nobiliárquica da família ao ver-lhe ser outorgado, em 1823, o título de Conde de Vila Real.
Fiel à tradição familiar, D. José Luís começa por destacar-se pelos seus dotes militares. Envolvido na resistência às invasões napoleónicas, no período da chamada Guerra Peninsular, participa, entre 1810 e 1812, nas batalhas do Buçaco, Albuera, Salamanca, Ciudad Rodrigo e Badajoz, alcançando o posto de General e merecendo a Cruz de Ouro, atribuída por D. João VI.
SÉC. XX
MENINA DEITADA, DE JOÃO CUTILEIRO
Parecendo que dorme desde sempre sobre o espelho de água fronteiro à Casa, a Menina Deitada foi esculpida a partir de um só bloco de mármore para figurar na exposição retrospetiva da obra de João Cutileiro, programada pela Fundação da Casa de Mateus em Maio de 1981.
Momento singular da programação intensa que anima a Casa, a Região e o País desde a década de setenta do séc. XX, a exposição foi um momento marcante no compromisso entre arte e paisagem, entre a descoberta da obra na pedra e a sua inscrição num lugar com memória. Como se fizéssemos uma viagem no tempo, procuremos compreender como evoluiu e se construiu esta paisagem da qual a Menina Deitada é hoje um dos ícones mais recordados.
SÉC. XXI
ÓRGÃO POSITIVO DA CAPELA DA CASA DE MATEUS
Em 1744, António José Botelho Mourão, o 3º Morgado de Mateus, via finalmente concluído o sonho que alimentara ao longo de anos: com um gesto arquitetónico arrojado, imaginado em comum com o grande Nicolau Nasoni, acabava de transformar radicalmente a paisagem na qual a família se encontrava instalada já há mais de século e meio e em redor da qual criara o seu pequeno império de vínculos e morgadios. Nascera a Casa de Mateus.
A nova Capela, que haveria de trazer ao complexo arquitetónico a indispensável dimensão religiosa, estava ainda em construção e só viria a ser terminada em 1750 pelo Mestre José Álvares do Rego. Porém, nesta altura, António José, com a ajuda do seu filho D. Luís António, teria já encomendado o órgão positivo que haveria de ser instalado no coro alto.