RELÍQUIA DE SÃO MARCOS MÁRTIR
Em 1698, com 25 anos, Diogo Álvares Mourão toma ordens menores e parte para Roma, onde será secretário do Cardeal Sacripanti, prefeito da Congregação da Propaganda da Fé sob o pontificado de Clemente XI. Irmão mais novo de Matias Álvares Mourão, o Morgado da Prata, sabe que as regras de sucessão, que privilegiam o primogénito, o destinam a procurar outros caminhos. Assegura para si os benefícios de Arcediago de Labruge e da Covilhã, mas é no Vaticano que a sua carreira eclesiástica conhece o seu auge. Aí, acompanha os esforços do sobrinho, António José Botelho Mourão, para construir o novo Palácio e uma nova Capela, que haverá de substituir a antiga Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, «para maior honra e glória de Deus».
São Marcos Mártir,
diácono da Igreja primitiva,
foi martirizado em Roma,
junto com o seu irmão Marceliano,
na época do imperador Diocleciano,
no final do século III, provavelmente em 286.
O seu corpo-relíquia, ricamente
vestido com um traje militar de fantasia, executado em renda de fio e
lâmina metálicos dourados,
terá sido remetido de Roma com
destino a Mateus no dia 21 de Março de 1705, devidamente
certificado pelo Notário Público Apostólico.
Um dos argumentos utilizados para conseguir, junto do Arcebispo de Braga, a autorização para demolir este pequeno pedaço de solo sagrado, é precisamente a acumulação de relíquias, todas certificadas pelas autoridades da Igreja, que se tornavam objeto de peregrinação e que exigiam um espaço maior e mais nobre para melhor acomodação e fruição espiritual.
A autorização chega, a nova Capela é construída com traço do Mestre Álvares do Rêgo, ainda com inspiração barroca mas já a caminho do classicismo. Da capela original, datada de 1641, transitaram o altar e um magnífico tecto com caixotões pintados representando alguns dos maiores Santos da Igreja, que ainda hoje conferem uma atmosfera singular à Sacristia.
Entre as relíquias que persistem no património da Casa, o escritor naturalista Abel Botelho, em artigo datado já do início so séc. XX, destaca: «dez molduras de crystal branco com relíquias de São Sebastião, São Lourenço, São Domingos e São Paulo, uma caixinha com pó da pedra do Santo Sepulcro; outra com uma lasca do Santo Lenho […] Mas o mais precioso e interessante deste inapreciavel mostruario de coisas santas, ingloriamente refugado para aquele recanto inédito de província, vém a ser: o corpo inteiro de São Marcos, que se vê no primeiro altar do lado da Epistola…». Acrescenta depois que «só o corpo de São Marcos custou em Roma 600$000 réis»…
São Marcos Mártir, diácono da Igreja primitiva, foi martirizado em Roma, junto com o seu irmão Marceliano, na época do imperador Diocleciano, no final do século III, provavelmente em 286. O seu corpo-relíquia, ricamente vestido com um traje militar de fantasia, executado em renda de fio e lâmina metálicos dourados, terá sido remetido de Roma com destino a Mateus no dia 21 de Março de 1705, devidamente certificado pelo Notário Público Apostólico. Entre a documentação constante do Arquivo da Casa de Mateus, consta também a autorização para abertura do caixão, dada por D. Rodrigo de Moura Teles, Arcebispo de Braga, em visita à nova Capela. Entre o espólio religioso que ainda hoje podemos visitar na Casa, destaca-se ainda um espólio impressionante de arte sacra e uma outra relíquia bastante singular: um ostensório, executado em Portugal, contendo um manuscrito de Santo Inácio de Loyola, exibindo no anverso a assinatura autógrafa, e no reverso um medalhão de cera com o Agnus Dei. Narra a lenda que o documento aí contido será o documento de nomeação do fundador da Companhia de Jesus no Brasil, resgatado por D. Luís António, então Governador de São Paulo, quando o Marquês de Pombal lhe ordena a destruição de todo o espólio jesuíta em terras de Vera Cruz.